Engie, Crédit Agricole Assurances e Mirova vencem licitação para aquisição do portefólio hidroelétrico de 1,7 GW da EDP em Portugal

A ENGIE, em conjunto com os seus parceiros Crédit Agricole Assurances e Mirova, uma filiada da Natixis Investment Managers, anuncia que venceu o concurso lançado pela EDP para a aquisição do segundo maior portefólio hidroelétrico de Portugal, por um valor de 2,2 mil milhões de euros.

O portefólio hidroelétrico tem uma capacidade de produção hídrica de 1,7 GW, com um prazo médio ponderado de concessão de 45 anos e inclui três centrais de albufeira com bombagem, recém-inauguradas, e três centrais de fio de água, recentemente renovadas.

A ENGIE, enquanto a empresa do setor do consórcio, operará, manterá os ativos e prestará os serviços de gestão de energia. A ENGIE possui um forte histórico como operadora de ativos de produção hidroelétrica, tendo atualmente uma capacidade hídrica global de 20 GW1, e é a segunda maior empresa de engenharia do mundo em projetos hidroelétricos2.

A aquisição destes ativos é fundamental para a implementação da estratégia de carbono zero da ENGIE, aportando uma capacidade renovável flexível, que complementa o portefólio ibérico da ENGIE em energia eólica onshore (1,1 GW) e solar (50 MW), a maioria já em parceria com a Mirova.

Com esta operação, a ENGIE garante um nível significativo de produção renovável despachável, sobretudo com as centrais de albufeira com bombagem, o que permitirá assegurar o fornecimento de eletricidade verde ao seu atual e futuro portefólio de clientes corporativos, através de Contratos de Aquisição de Energia (CAEs).

A médio e longo prazo, à medida que a ENGIE desenvolve o seu portefólio de energia eólica e solar, e dada a intermitência inerente a estas fontes renováveis, esta produção hidroelétrica será ainda mais valiosa.

A ENGIE detém 40% do consórcio, enquanto o Crédit Agricole Assurances e a Mirova, através de fundos por si geridos, detêm 35% e 25%, respetivamente. Prevê-se um impacto de cerca de 650 milhões de euros no endividamento líquido da ENGIE, que não consolidará o investimento. A conclusão da operação está prevista para o segundo semestre de 2020.

Isabelle Kocher, CEO da ENGIE, afirmou: “O nosso foco crescente em fornecer energia 100% renovável aos clientes, adaptada às suas necessidades, permitirá à ENGIE ser líder na transição carbono zero. Esta operação acelera a implementação da estratégia da ENGIE.O nosso objetivo de adicionar 9 GW de produção renovável no período 2019-2021 está confirmado e esta aquisição acresce a essa meta”.

Através desta transação, o Crédit Agricole Assurances, primeira seguradora em França, reforça o seu compromisso com a transição energética, totalmente em linha com a estratégia climática do grupo Crédit Agricole. "A Engie e a Mirova são parceiras óbvias, com experiência significativa no desenvolvimento de projetos hidroelétricos. Graças a esta nova parceria em Portugal, o Crédit Agricole Assurances consolida o seu compromisso com a transição energética na Europa, setor em que é o principal investidor em França”, salientou Frédéric Thomas, CEO do Crédit Agricole Assurances.

Esta operação prolonga um relacionamento de longa data entre a Mirova e a ENGIE, desenvolvido nos últimos anos principalmente através da parceria em vários projetos de energia eólica e solar na Europa. A Mirova investirá através do seu fundo Mirova Eurofideme 4, dedicado à transição energética europeia e através de um fundo de co-investimento dedicado, criado especificamente para esta transação. “Este investimento representa uma oportunidade marcante para a Mirova e para o Crédit Agricole Assurances adquirirem um grande portefólio hidroelétrico em Portugal em parceria com a Engie, tirando partido do seu conhecimento único na gestão e otimização deste tipo de ativos, o que resultará na criação de valor para os nossos investidores”, declara Raphael Lance, Diretor dos Fundos de Transição Energética da Mirova.

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1 Incluindo uma capacidade de armazenamento com bombagem de 3,4 GW

2 Através da Tractebel Engineering, uma subsidiária 100% detida pela ENGIE. Classificada como #2 em 2018 no ranking das maiores empresas de construção e engenharia da Engineering News

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Descrição do ativo

O portefólio de ativos possui uma capacidade de 1,7 GW e aproximadamente 45 anos de prazo médio ponderado de concessão remanescente, tendo gerado em 2018 154 milhões de euros de EBITDA.

As instalações fazem parte do sistema hidroelétrico do rio Douro (Nordeste de Portugal). O portefólio é composto por 6 unidades que podem ser divididas em 2 categorias:

  • 3 centrais em fio de água com albufeira (poucas horas de armazenamento) - Miranda, Picote e Bemposta - no próprio rio Douro Internacional (fronteira entre Espanha e Portugal). Totalizam 1,2 GW e têm uma produção média anual histórica de cerca de 3 TWh. São centrais consolidadas, com características semelhantes, e repotenciadas com uma grande unidade adicionada em 2011 em duas centrais e uma adicionada em 1995 na outra central (prazo médio ponderado de concessão remanescente de 35 anos)
  • 3 centrais de albufeira com bombagem, recém-inauguradas, totalizando 0,5 GW de capacidade instalada líquida - Baixo Sabor, Feiticeiro e Foz Tua (COD em 2016 e 2017 - prazo médio ponderado de concessão remanescente de 70 anos)